A Sinicização

Texto por Sara Alves | Photo by Su Bo on Unsplash

O que é

O primeiro uso conhecido da palavra foi em 1889 (Merriam-Webster, 2021).  Sinicização, sinificação ou chinização, é o processo de assimilação da cultura Han-chinesa, da língua, das normas sociais e da identidade étnica pelas sociedades não-chinesas. Este fenómeno de aculturação, foi registado nas culturas de vários países vizinhos à China, com maior incidência na Coreia, Vietnam e Japão; cujas relações políticas marcaram uma forte importação cultural chinesa. Contudo, a sinicização também foi registada ao longo da própria história da China com a queda e ascensão das diferentes dinastias fundadas e governadas por pessoas não-Han, maioritariamente tribos nómadas provenientes da Manchúria e Mongólia. As dinastias Jin Jurchen (1115–1234), Yuan Mongol (1206–1368) e Qing Manchu (1636–1912) contribuíram vastamente para a formação das fronteiras da China moderna e imperial, assim como a sua composição étnica (Biran, The Non-Han Dynasties , 2017).

Visão chinesa da sinicização das dinastias não-Han

A visão chinesa da assimilação da sua cultura Han pelas dinastias não-Han é de que o processo de sinicização foi impreterível e que ocorreu de forma um tanto ou quanto pacífica, uma visão idílica que pode não ser de todo verdade. Esta noção, agora incorreta, foi perpetuada devido dois motivos: a natureza dos documentos sobreviventes que foram compilados em chinês por literati chineses muitas vezes retratavam um estado ideal ao invés da realidade; e apesar destas dinastias terem a sua própria língua e escrita, poucos documentos históricos indígenas sobrevivem. Outro motivo deve-se à interpretação nacional da história da China no século XX (Biran, The Non-Han Dynasties, 2017). Esta tendência fortemente reforçada pelos estudiosos chineses pós-imperiais de criar uma história nacional, culminaria na criação do moderno Estado-nação chinês. Sob esta égide foi estabelecido o conceito de “Nação Chinesa”, cujo princípio central era a existência harmoniosa sob uma Nação das cinco maiores etnias da China (Han, Manchu, Mongol, Tibetana e Hui) (Wang, 2017). Esta perspetiva permitiu não só a inclusão das dinastias acima mencionadas na narrativa nacional chinesa, mas também a apropriação dos seus feitos na ‘nação chinesa multiétnica’, embelezando o trauma da conquista (Biran, The Non-Han Dynasties, 2017).

A sinicização dos Jin, Yuan e Qing e a multietnicidade de um povo

Jin – De nómadas bárbaros a dinastia dourada

As tribos Jurchen, ao contrário do modo de vida sedentário da corte Chinesa, viveram maioritariamente como caçadores-coletores, nómadas pastoris ou agricultores sedentários. Geralmente sem uma autoridade central e com pouca comunicação entre si, muitas destas tribos eram tributárias de dinastias vizinhas. No entanto, quando Aguda proclamou a instauração da dinastia Jin e assumiu o título de imperador em 1114, estas tribos foram unificadas (Roberts, 2011). Roberts (2011:120) indica que no seu apogeu, “o império Jin abarcava o Norte da China, a Manchúria e a Mongólia interior” denotando assim uma composição étnica e linguística diversificada.

Roberts (2011:120) divide ainda a história do império Jin em “3 etapas: um período dualista, que durou até cerca de 1150, um período de crescente sinicização e, a partir de 1215, um período de declínio.” A crescente sinicização dos Jurchen iniciou-se com a utilização da língua chinesa e “sobretudo a adoção de uma forma chinesa de administração central (…) que era contrária à tradicional organização tribal do povo Jurchen”, indica Roberts (2011: 121).  

A queda do império Jin deve-se a uma série de acontecimentos internos e externos, sendo a principal ameaça a ascensão de Genghis Khan (1158 – 1227) e a ameaça de uma invasão mongol (Roberts, 2011).

Mongóis Yuan – Imperadores nomádicos

Aquando a invasão mongol, a dinastia Jin denotava uma assimilação quase total da cultura chinesa que, de certa forma, foi continuada na dinastia Yuan seguinte, mas sem nunca conseguir convergir com as expectativas chinesas. Apesar de tudo, a adoção do título dinástico «Yuan» e várias práticas dinásticas chinesas, revelam a sinicização de algumas tribos mongóis, assegurando assim a anotação da dinastia nos registos chineses (Roberts, 2011).  A governação da dinastia Mongol teve algumas características positivas tais como a reunificação da China e a abertura desta a uma grande variedade de influências externas através do aumento do comércio ao longo da Rota da Seda, prenunciando os primeiros contactos diretos com o Ocidente (Roberts, 2011).

Qing Manchu – A última dinastia

Os Jianzhou Jurchen, que em 1635 adotariam o nome de Manchus, viviam nos arredores das montanhas Changbai e eram descendentes das tribos Jurchen, os fundadores da dinastia Jin. A transformação do território Changbai Jurchen no estado Manchu deve-se a Nurhanci (1559-1326), responsável pela unificação das tribos Jurchen da região e pela cultivação de relações com os chineses. A sua rápida ascensão alarmou, no entanto, as autoridades imperiais Ming, resultando na definição de fronteiras entre territórios. (Roberts, 2011) Contudo, graças à contratação de funcionários chineses e à adoção de métodos burocráticos de governação, Nurhanci transformou a sua confederação de tribos Jurchen num estado Manchu e depois organizou-o em ‘estandartes’. O seu sucessor, Abahai (1592 – 1643), que ficaria conhecido como imperador Hong Taiji, começou a adotar características da governação chinesa a par das instituições manchus, deixando claro que as suas ambições excediam as do seu pai quando repudiou o nome Jin a favor de Qing (translúcido ou puro) numa provocação aos Ming (esplendor) (Roberts, 2011). “A adoção de práticas chinesas por parte de Abahai levou Franz Michael a declarar: ‘Foi o sistema chinês, funcionários chineses e ideia chinesas que permitiram aos manchus conquistar a China’” (Roberts, 2011, in Michael, Franz, 1972:79). A consolidação do domínio manchu foi importante na medida em que era necessário tranquilizar os chineses e manter a confiança dos manchus de forma a conseguir-se uma governação sino-manchu estável e eficaz. Dito isto, é de notar que o sentimento anti manchu ainda se fazia sentir.

Roberts (2011:145) afirma que “graças a uma sequência de imperadores competente, Kangxi (que reinou entre 1662 e 1722), Yongzheng (que reinou entre 1723 e 1735) e Qianlong (que reinou entre 1736 e 1795), o império atingiu o seu território máximo e a cultura chinesa alcançou o maior grau de sofisticação de sempre.” Este sucesso deve-se ao seu compromisso de governação empregando uma diarquia sino-manchu. Esse modo de governação sugeria paridade entre etnias, mas os cargos mais elevados foram ocupados por manchus. Declarando um império de união étnica, sem distinções entre manchus e Han, e aceitando a sua multietnicidade, houve o cuidado de afirmar o domínio manchu através da exigência de adoção do penteado manchu. Portanto, sendo a sinicização a assimilação e aculturação de um povo de forma unilateral, essa exigência sugere uma visão de identidade étnica.  Com efeito, Rhoads (2000: 52), afirma que “é menos conhecido os Han foram submetidos ao processo inverso de ‘Manchunificação’” e que, “no entanto, essa aculturação mútua nunca foi completada e como resultado, até ao final do século XIX, tanto Manchus como Hans, permaneceram (…) culturalmente diferentes de uns dos outros”. De facto, Rhoads (2000: 288) cita Liang Qichao no seu ensaio de 1898 na ‘The China Discussion’ e nos comentários dos Manchus no ‘Great Harmony Journal’, na sua contradição à crença generalizada que os manchus estavam tão bem sinicizados que a questão étnica, ou manchu, não teve qualquer relevância na Revolução de 1911. Na verdade, um dos fatores que contribuíram para o declínio da dinastia Qing foi mesmo a falha na concretização da premissa de ‘um império unido sem distinções entre manchu e Han.

Durante os 268 anos de governação Qing, os Manchus absorveram muito da cultura Han, e eliminaram duas características intrínsecas da cultura Manchu: a sua língua, até certo nível, e o tiro com arco a cavalo. No entanto, os Manchus nunca perderam a sua identidade como pessoas diferentes aos seus próprios olhos e aos olhos dos Han (Rhoads, 2000).

Roberts (2011:184) diz que “recentemente, vários historiadores ocidentais, usando registos manchus, têm oferecido uma nova perspetiva” da história Qing. A “Nova História Qing” é uma forma histográfica revisionista iniciada em meados de 1980-90 por historiadores americanos, com enfase no estudo de materiais em língua manchu providenciando uma estrutura comparativa ao modelo de estudo clássico, ou seja, a utilização de registos chineses. Esta tendência surge na sequência de novos descobrimentos de registos não Chineses, novas abordagens históricas e assim como a ascensão da história cultural (Biran, The Non-Han Dynasties, 2017). Este novo trabalho comparativo levanta questões acerca da sinicização dos Qing, da sua identidade étnica e a sua visão da própria China e Euroásia.

O caso de Xinjiang – sinicização ou genocídio

Wang (2017:27,30) descreve que “após a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Chinesa de 1911 permitiu a transferência de soberania da dinastia Qing para a República da China através do «grande compromisso» realizado sob a égide da «República de Cinco Nacionalidades» cuja premissa era a «união de territórios han, manchus, mongóis, uigures e tibetanos numa só nação, e os seus povos num só povo»”.

Com o declínio da dinastia Qing e a recente República da China, instaurada a 10 de outubro de 1911, era necessária uma união do povo que estava fragmentado. Temporariamente rejeitada por Chiang Kai-shek (1887 – 1975) e os Nacionalistas, que acreditavam que a China era uma um estado-nação unido composto por apenas um grupo étnico chinês indistinguível (Zhonghua minzu) sinonimo de Han; a ideia da precoce República de uma China como um estado-nação multiétnico foi ressurgida pelos Comunistas, que reconheceram 56 grupos étnicos (Rhoads, 2000). Sob a República Popular da China, estes grupos foram divididos de acordo com as suas línguas e culturas e mais tarde, os territórios que tinham maior número de população destas etnias, receberam o estatuto de regiões autónomas (Roberts, 2011). Segundo Roberts (2011: 317), esse novo estatuto “permitia alguma liberdade económica e política, mas não lhes conferia o direito de secessão.” Contudo, e embora as minorias étnicas fossem incentivadas a preservar características das suas culturas, a crescente migração de chineses Han para as regiões autónomas fez com essas minorias étnicas se adaptassem a essa nova presença (Roberts, 2011). Com as migrações dá-se a transportação da cultura, costumes e língua dos migrantes, o que por sua vez, força a adaptação destas minorias étnicas à presença dominante. Esta situação, por sua vez, gera bastantes ressentimentos. Roberts (2011: 3017) menciona um “movimento de protesto encabeçado por nacionalistas uigures em Xinjiang foi rapidamente esmagado” e que “na altura, porém, a oposição mais visível, e pela qual a opinião pública ocidental nutria mais simpatia, residia no Tibete”. Mas as recentes notícias sobre confrontos violentos na Região Autónoma Uigur de Xinjiang e o tratamento da população Uigur por parte das autoridades chinesas, chamou a atenção internacional.

Tapeçaria étnica da região pré-Qing

O mosaico étnico da região era e é constituído por muitos grupos, alguns deles já estabelecidos antes do século XVIII, e outros que chegaram depois da conquista Manchu – Kazaks, Kirghiz, Uzbeks, russos, Tajiks, Tibetanos e Afegãos, para nomear alguns. Os habitantes nativos da região eram sobretudo compostos por várias tribos do povo Dzungar, um grupo étnico nomádico, a tribo Oirot, habitante de estepes relacionado com os mongóis; e por agricultores turcos muçulmanos habitantes de oásis (Newby, 1996). Durante os séculos XVII e XVIII, a região esteve sobre domínio do canato Dzungariano da tribo Oirot e sua islamização sucedeu lentamente ao longo de vários séculos com as trocas comercias e assentamento de novos povos vindos da ásia central (Biran, Empire Qara Khitai Eurasian History: Between China and the Islamic World, 2005), mas seria depois da conquista dos Manchu que o Islão floresceria na região (Newby, 1996).

Conquista Qing e unificação da região

Por conseguinte, com a derrota do canato Dzungariano, dá-se um influxo de muçulmanos e sobre a sua égide, as instituições islâmicas prosperam e a cultura Turco-muçulmana torna-se predominante (Newby, 1996). Com efeito, Newby (1996: 72) afirma que “o Islão vir-se-ia a provar o maior obstáculo à sinicização e um dos símbolos mais fortes de identidade regional”.

Este fluxo de migração de pessoas fez prever uma mistura étnica em Xinjiang mais complexa do que o sugerido pelos registos chineses mandados elaborar pelo Imperador Qianlong (1711 – 1799) (Newby, 1996). Por consequente, esse mosaico étnico foi responsável pela utilização de um tipo de língua Turca e pela sua evolução até aos dias de hoje, a Língua Uigur (Thum, Identity Maintenance before Uyghur Nationalism, 2012) (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018).

Com efeito, a presença militar dos Qing veio modificar a região a nível social e económico. A estabilização da região e reformas agrícolas, trouxe segurança e o assentamento de populações chinesas, que por sua vez levaram ao aumento das trocas comerciais na região (Newby, 1996).  Com a introdução de novas técnicas de tecelagem, abertura de minas e estabelecimento de empreendimentos de extração de salitre, estavam tomados os primeiros passos para a eliminação da economia tradicional que suportava barreiras local e regional. Estas reformas adotaram um papel provisório na unificação da região (Newby, 1996).

Alienação da região, tensões étnicas e identidade

Um dos primeiros a abordar a questão das tensões étnicas na região e dificuldades de integração foi Zuo Zongtang (1812 – 1885) que acreditava ser impossível a assimilação sem a disseminação da cultura chinesa através da educação (Newby, 1996). Essa opinião era partilha por vários intelectuais chineses, o que na sua essência demonstra uma visão de superioridade em relação aos grupos étnicos da região, pois era esperado destes uma assimilação da cultura chinesa. Ironicamente, a alienação cultural da região e a resistência às políticas de assimilação chinesa, devem-se à atitude laissez-faire dos próprios Qing sobre a cultura dos locais (Newby, 1996). Portanto, a questão de Xinjiang como uma ‘identidade geográfica distinta’ do império foi levantada pelos Qing, uma vez que os seus habitantes nativos não partilhavam esta visão própria, logo, a história dos Uigures como Uigures, é, num sentido estrito, uma história dos séculos XX e XXI (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018). Com efeito, a identidade Uigur moderna, nas suas três formas recém-construídas, foi formalizada no século XX, no final da década de 1930, e aceite como categorias oficiais em 3 Estados diferentes: União Soviética, a breve República do Turquestão Oriental e no regime de alinhamento soviético chinês do Senhor da Guerra Sheng Shicai (1895 – 1970), mas apenas sob o domínio da República Popular da China é que o termo ‘Uigur’ ficaria registado como um termo de identificação étnica, ao em vez de lhe ser conferida significância política e seria usado por todos os que se intitulam Uigur (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018).

Durante esse período (século XX), as terras Uigur foram transformadas numa colónia do século XXI assimilacionista fortemente monitorizada, governada por uma burocracia dominada por chineses Han (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018). Thum (2018: 2) afirma que, “no entanto, os Uigurs conseguiram desenvolver um cânone literário e historiográfico nacional dentro dos limites do discurso público controlado pelo Estado chinês e manter uma identidade distinta face às políticas cada vez mais assimilacionistas.”

Sinicização ou genocídio

Quando em 1949 foi estabelecida a República Popular da China como estado ateu, todas as crenças religiosas foram rejeitadas, e embora as práticas e costumes religiosos tenham sido tolerados até certo nível, o grau de tolerância tem variado de acordo com as mudanças do ambiente político (Mukherjee, 2010).

Mukherjee (2010: 421) declara “no preâmbulo da Constituição Chinesa, a RPC, lutará para salvaguardar a unidade das minorias étnicas e que é necessário combater o grande chauvinismo étnico, principalmente o chauvinismo Han” e que o “Artigo 4 da Constituição declara que todos os grupos étnicos têm a liberdade de usar e desenvolver as suas línguas faladas e escritas e preservar ou reformar os seus costumes e modos populares.” Com a adquirição de estatuto de Região Autónoma Uigur de Xinjiang, a minoria étnica Uigur obteve alguma liberdade económica e política (Roberts, 2011), mas embora as minorias étnicas fossem incentivadas a preservar características das suas culturas nas regiões autónomas, as políticas aplicadas pelo governo central chinês foram lentamente ‘sinicizando-as’. Em contrapartida, demoradamente, ao longo da década de 1980, a oposição Uigur ao domínio chinês tornou-se publicamente nacionalista à medida que a atmosfera repressiva da Revolução Cultural (1966–1976) começou a desaparecer (Mukherjee, 2010), altura em que os Muçulmanos se tornaram no foco central das críticas nacionalistas antirreligiosas e anti étnicas. No final da década (1980), os Uigur viviam um florescimento cultural (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018). Em 1990 o movimento de protesto encabeçado por nacionalistas uigures em Xinjiang foi rapidamente esmagado pelo Governo Chinês, tendo em conta o mediatismo estrangeiro que o governo obteve aquando os protestos e Massacre de Tiananmen de 1989 (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018).

Da década de 1990 em diante, o governo chinês aumentou as restrições de movimento, discurso e culto através da limitação da construção de mesquitas e da introdução da política bilingue; política essa que foi percebida como um ‘linguicídio’ ou ‘genocídio linguístico’ num contexto em que a língua Uigur é considerada um aspeto central da sua identidade (Finley, 2018).

Esta nova política veio substituir a língua Uigur pelo Mandarim em todos os meios oficiais (sinalética, órgãos políticos e educativos) abolindo o sistema educacional paralelo “separado, mas igual” dos anos oitenta e noventa (Finley, 2018).

Sob o governo de Xi Jinping, o Sul de Xinjiang tornou-se numa das regiões mais rigidamente monitorizadas: desde passaportes confiscados e vistos necessários para circulação, uso obrigatório de GPS em todos os carros, entrega de todos os aparelhos eletrónicos para inspeção policial, criação de postos de controlo com tecnologia de reconhecimento facial, entre outros (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018). O governo aliou esses controlos com a implementação de políticas assimilacionistas: em várias províncias, os uigures receberam recompensas monetárias por casamentos interétnicos, e a educação na língua uigur foi proibida ou restringida (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018). Desde 2016, para além da implementação de políticas de controlo de natalidade (negadas pelo governo Chinês), deu-se um aumento das forças de segurança, detenções em massa, purgas, e em inícios de 2017, residentes não-Han de Xinjiang começaram a desaparecer para campos de reeducação política cujas condições de tratamento são desumanas (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018). É certo que estas novas políticas certamente não diminuíram o descontentamento Uigur sob o domínio Chinês (Thum, The Uyghurs in Modern China, 2018).   Segundo o Tratado Internacional da ‘Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio’, de 9 de dezembro de 1948, Artigo nº 2 “entende-se por genocídio os atos abaixo indicados, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais como: a) Assassinato de membros do grupo; b) Atentado grave à integridade física e mental de membros do grupo; c) Submissão deliberada do grupo a condições de existência que acarretarão a sua destruição física, total ou parcial; d) Medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) Transferência forçada das crianças do grupo para outro grupo” (consultado a 12 de janeiro de 2021 no site  https://www.ministeriopublico.pt/)

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